5 de mar. de 2012

O Pássaro



“A criatividade é como um Pássaro."

Com asas, tem sede de liberdade, sendo necessário o vôo livre, voar, voar, voar, e em forma de pensamento devanear, nessas viagens indo ao encontro do vento certo, parar e planar em clima salutar, respirar o ar adequado, ver as cores de paisagens iluminadoras em uma harmoniosa perfeição que dura os séculos na visão de um segundo, que reverberará por uma caminhada inteira. E então, abastecido dessa energia “Divinal”, o pássaro retorna e pousa, criando, compondo e cantando com a teatralidade dos que amam sem saber por que, alimentando assim, as ilusões dos “Seus” que o aguardavam na necessidade de ouvir o seu canto.

Os “Seus”, entretanto, o querem aprisionar-lhes, acreditando que os pássaros cantam mais belamente quando estão presos, absolutamente equivocados... Esse canto não é canto, trata-se de um choro melodioso, entristecido e sofrido, clama pelos verdes pastos que deixou de ver, pela brisa que sopra as flores fazendo-as dançar, pelos orvalhos que caem de pétalas e folhas nos mais variados lugares deixando uma ampla variedade de cheiros e cores, pelas ondas que quebram à praia, ou aos mares beijando as areias. Nessa ausência não mais é possível ver os fortes ventos abraçarem coqueiros e palmeiras, a queda das águas nas cataratas e cachoeiras que muitas vezes são costuradas pelas cores virginais do Arco Iris, não mais será possível perceber os machos de toda espécie arquitetando seus rituais de sedução, nem mesmo os frutos dessa sedução, sua visão não será mais agraciada com as mães de toda espécie amando e senhoreando seus filhotes ensinando-lhes lições do amor educador e incondicional, a coreografia dos peixes nas águas límpidas, não ouvira mais o canto dos outros pássaros, nem os vôos rasantes, os músculos em ação, a velocidade e a astúcia das espécies de caça, não verá ainda o Por do Sol com suas cores quentes e ventos de verão, o anoitecer iluminado por um chão de estrelas que muitas vezes por pura beleza encontram-se refletidos nas pinturas magistrais dos lagos, o amanhecer com as cores que rompem as trevas trazendo a bela esperança de um novo dia, a chuva que abençoa o terra trazendo o alimento sagrado à todas as raças, os rios que vibram as bênçãos de prosperidade ora com voraz rapidez, ora com a tranqüilidade da calma observada, não sentirá mais a natureza da “Realeza da Vida” se fazer presente em cada sentido. Contudo, a dor dessa ausência ele transforma em sinfonia com inúmeras partituras, em um choro melodioso de saudade, que canta a impossibilidade de buscar novas paisagens e voltar para dividir com os “Seus”.

Altruísta, o pássaro voa pensando em trazer a perfeição de suas visões em forma de melodia. Os “Seus”, contudo, envenenados pelo egoísmo e pelo ciúme, o prendem, temendo que o pássaro ao encontrar a perfeição voe para não mais voltar.

Porém, o que os “Seus” não sabem, é que para o pássaro, a perfeição não é a visão das extraordinárias experiências e das belas paisagens. A perfeição é a tradução dessas experiências em sinfonias, que propagadas pelo seu canto, se reflete na admiração de quem as ouve com ternura, levando felicidade ao olhar do que não se pode negar...

É a diferença do medo que aprisiona... E do amor que liberta!

Raquel Marinho

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